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Barroso diz que soberania da Amazônia corre o risco de se perdida para o crime, e não outros países
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O presidente do STF se fez presente do Fórum de Davos e expressa preocupação com o aumento do tráfico de drogas na região
- Por Camilla Ribeiro
- 17/01/2024 17h55 - Atualizado há 9 meses
O ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), falou que o aumento do narcotráfico em relação a Amazônia apresenta potencial um risco de o Brasil perder a soberania na região para o crime.
"Brasil corre o risco de perder a soberania da Amazônia não é para outro país, e sim para o crime organizado", disse.
Segundo o ministro, além dos delitos já identificados na região, omo a extração irregular de madeira, grilagem de terras e queimadas ilegais, "agora está virando rota de tráfico de drogas, tanto por via aérea quanto por via fluvial".
A opinião de Barroso é de que essa situação desencadeia o início de "uma contaminação da política pela criminalidade que existe na Amazônia".
"Esse talvez seja hoje o grande desafio brasileiro preservar a Amazônia e não deixar a floresta ser derrubada, mas também impedir que ela seja rota para o tráfico", completou.
Fórum Econômico Mundial em Davos
O líder do STF se encontra em Davos, na Suíça, para participar do Fórum Econômico Mundial.
O magistrado apontou elementos de perigo para a sobrevivência da floresta e das comunidades locais, tais como os crimes ambientais de desmatamento, queimadas e mineração ilegal.
Além disso, destacou crimes relacionados, como assassinato de defensores da floresta, corrupção de agentes públicos para ignorar delitos ou para regularizar propriedades licitamente ocupadas e elevação do número de homicídios, associado ao garimpo, à extração ilegal de madeira e à grilagem de terras.
"Uma observação preocupante: os crimes ambientais começam a contaminar o ambiente político e econômico da Amazônia. Madeireiros, garimpeiros e grileiros têm votos ou se candidatam", relata.
Em relação a mineração na região amazônica, o presidente do STF disse que a exploração de reservas é "tema controvertido que exige uma análise sem radicalismos".
"Uma primeira e importante observação é que, no quadro constitucional e legislativo atual, é terminantemente vedada a exploração mineral em terras indígenas", constatou.
O magistrado comparou as gestões ambientais dos governos de Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Conforme o ministro, iniciativas de liderança e fiscalização visam combater atividades ilegais realizadas na Amazônia "haviam sido substancialmente interrompidas no governo passado, inclusive com desmonte das agências destinadas à proteção ambiental e à proteção das comunidades indígenas".
"Ao longo do primeiro ano do novo governo, a simples mudança de atitude em relação à proteção ambiental e da Amazônia já provocou uma redução de cerca de 50% no desmatamento, comparado com os níveis do ano anterior", decretou.